terça-feira, 3 de agosto de 2010

Qual é a de João Henrique?

Fiel a seu comportamento midiático, que cultivou desde os tempos de Legislativo e talvez tenha sido o principal responsável pelo sucesso de sua primeira eleição à Prefeitura de Salvador, em 2004, o prefeito João Henrique (PMDB) voltou a lançar a administração municipal, nos últimos meses, em iniciativas, pessoalmente capitaneadas por ele, que polemizam e chamam a atenção de jornalistas e veículos de comunicação para a sua atuação.
Depois de mandar fechar uma agência do Banco do Brasil que não cumpria a exigência de atendimento de clientes em 15 minutos, como determina uma lei municipal, e comprar uma briga com metade do comércio em defesa de um decreto que regula os horários de carga e descarga na cidade, para ficar em dois exemplos, João Henrique lança-se agora na tarefa de ameaçar com prisões os cidadãos e cidadãs – por uma questão de tradição, mais os primeiros que as segundas – que façam xixi em via pública, um hábito tão antigo quanto deplorável do baiano, mas não exclusivo dele no Brasil.
Coincidentemente, as medidas são assumidas pelo primeiro mandatário da capital depois de uma reunião que promoveu com todo o seu secretariado, no amplo salão de um hotel da cidade, na qual fez questão de prestar, entre outras informações, a de que recobrou de fato o controle sobre a administração da cidade – o que pode ser entendido tanto como o fato de hoje o município se encontrar, em sua avaliação, mais administrável que antes do final de sua primeira gestão quanto como um indicativo de que o PMDB de Geddel Vieira Lima, que lhe deu o suporte para alcançar a reeleição, manda menos do que mandou naquela época.
Como quem conhece o comportamento do prefeito sabe que, politicamente, ele não prega prego sem estopa e está longe de ser uma figura ingênua, embora durante muito tempo a imagem o tenha beneficiado no relacionamento com adversários e aliados, não é difícil prever que novas iniciativas com o mesmo caráter devam surgir e possam até se intensificar, principalmente à medida que se aproxime o fim de seu mandato na Prefeitura de Salvador.
O movimento cumpre um objetivo? Com certeza. João Henrique é um fiel seguidor da legião de políticos que acreditam piamente na “mídia positiva” como forma de fortalecer sua influência e poder, recursos essenciais a quem está muito longe de se aposentar ou simplesmente deixar uma posição estratégica como a de prefeito da capital baiana sem pensar no futuro.
Com seu comportamento, João Henrique deixa claro que vai jogar papel decisivo, isto é, de protagonista – e não de coadjuvante - na sua própria sucessão, em 2012, quando não poderá mais se candidatar à reeleição. Trata-se de um jogo do qual estará fora como candidato à reeleição, mas não como articulador, apostando em quem julgue em seu partido ou fora dele como o mais adequado para assumir seu “legado”. A conversa agora precipitada, mas se no PT já tem candidato agora pensando em 2014...

fonte: tribuna




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