terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Emergentes buscam maior representividade com banco dos BRIC

Insatisfeito com a baixa representatividade em organismos financeiros internacionais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na reunião dos chefes de finanças do G20 no sábado 24, na Cidade do México, que o BRIC (grupo composto por Brasil, Rússia, Índia e China) só vai contribuir com um nova ajuda à Europa caso o Fundo Monetário Internacional (FMI) realize a reforma em suas cotas para aumentar o poder dos emergentes no órgão.
Há tempos os emergentes pressionam por mais influência nas agências e entidades financeiras, sem grande sucesso. Por isso, a revista econômica norteamericana Bloomberg aponta que, em paralelo ao evento no México, os representantes do BRIC discutiriam um novo caminho: a criação de um banco multilateral a ser mantido apenas por países em desenvolvimento para financiar projetos nestas regiões.
A medida, apresentada pela Índia, ainda está em fase de inicial de discussão, mas circula entre o grupo e vai ser debatida de forma mais específica na reunião dos BRIC em março, diz a publicação.
A inciativa é bem vista por Amir Khair, ex-secretário de Finanças em São Paulo e especialista em contas públicas. Segundo ele, a eventual criação do banco do BRIC pode ter um forte apelo político. “É uma forma de união dos emergentes, que possuem enorme força neste contexto internacional em que FMI e Banco Mundial servem apenas para financiar os desenvolvidos.”
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, doutor em economia e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), destaca que a ação seria um instrumento de promoção de investimentos e exportações entre os emergentes. “As agências existentes cumprem esse papel, mas possuem uma orientação de gestão mais dirida pelos países desenvolvidos.”
O banco dos BRIC seria, neste contexto, um instrumento para os emergentes evidenciarem ainda mais sua força, uma vez que as tentativas de conquistar espaço no FMI e Banco Mundial para eliminar as nomeações de um europeu e um americano para a presidir as entidades, respectivamente, não foram bem sucedidas.
“Há um déficit de representatividade destes países nos organismos internacionais. É natural que desejem aumentar sua influência, porque até agora quase não houve avanços”, ressalta o consultor.
Em 2011, após a renúncia de Dominique Strauss-Kahn, os emergentes não conseguiram se unir ao redor de uma candidatura própria para a direção do FMI, que acabou entregue à francesa Christine Lagarde. O mesmo pode ocorrer em junho, quando Robert Zoellick deixará o comando do Banco Mundial.

Informações CartaCapital






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