segunda-feira, 6 de junho de 2011

Mulheres chegam ao poder no tráfico


O tráfico tá cor de rosa choque. Como na canção de Rita Lee, personagens como Nem Gorda e Mari mostram que no crime as dondocas são uma espécie em extinção. Elas saíram das sombras para assumir o papel de donas de boca e dar nova cara ao comando do tráfico em Salvador.
A cabeça do comércio de entorpecentes na Cidade Nova, Pau Miúdo, Sertanejo e IAPI é Marisângela Soares de Souza, 29 anos. Ela se junta a traficantes como Maria Lúcia dos Santos Gomes, a Nem Gorda, de Periperi, e Rosângela de Souza Pinto, a Rose - liderança paulista do Primeiro Comando da Capital (PCC), mas que mesmo assim tinha influência na Bahia e foi presa na Operação Genesis na semana passada.
Marisângela comanda uma quadrilha formada por cerca de 30 pessoas. As bocas ficam nas localidades de Jogo da Bola, Forno, Campinho e Carmosina, na Cidade Nova; na comunidade dos Pirineus, no Pau Miúdo; no bairro de Sertanejo e na comunidade de Campo do Milho, no IAPI. No total, a área tem perto de 700 mil habitantes.
Poliana não perdoa. Ela responde por dois homicídios ((Divulgação / SSP); Nem Gorda mandou matar mais de 30 em Periperi (Reprodução / Almiro Lopes); Neinha controlou o tráfico de drogas em Camaçari (Divulgação / SSP); Fabiana está entre os dez mais procurados (Divulgação / SSP); Marisângela herdou o império do marido Pity (Divulgação / SSP); Simone Floquet, tradição de crimes no Alto das Pombas(Almiro Lopes / Arquivo Correio)
A autoridade de Mari vem de sua linhagem “nobre”. Ela é viúva de Éberson Souza Santos, o Pity, fundador da maior quadrilha da Bahia, a Comissão da Paz (CP). Após a morte do marido, em 2007, a primeira-dama foi alçada à presidência.
Antes de chefiar, Mari passou pela 10ª Delegacia, em Pau da Lima, por facilitar a fuga de presos em maio de 2004. Como líder, hoje, ela divide a rotina entre a guerra com três quadrilhas rivais e a organização do comércio.
Na guerra, Mari conta com dois soldados experientes. O primeiro é Lázaro Bonfim dos Santos, o Malhado, homem de confiança de Pity para eliminar inimigos. Ele responde a dois inquéritos por homicídio, porte de arma e formação de quadrilha. O segundo é Luis Raimundo dos Santos, o Shrek. Ele responde a três inquéritos por furto e homicídios e tem um mandado de prisão preventiva de 2008.
Danilo Rocha de Carvalho, o Cacaroto, acusado de participar da decapitação de Janaína Cristina Brito Conceição, 16, e Gabriela Alves Nunes, 13, em Nova Divineia, ano passado, também é da quadrilha.
Com o marido, Mari aprendeu a manter o poder mesmo presa. Detida em 11 de dezembro do ano passado por tráfico, ela dividiu a chefia dos pontos de venda entre seus homens de confiança.
As bocas da Cidade Nova foram repartidas entre um cadeirante conhecido por Goiaba e Neidson Souza Santos, irmão de Pity. O cunhado também cuida do bairro de Sertanejo e do IAPI. A região do Pau Miúdo é gerenciada por Shrek. As bocas ficam nas ruas 3 de novembro e Professor Batista Vieira.
“Fazemos incursões na região, mas a quadrilha se movimenta muito e costuma se esconder na casa de moradores”, explica o major Josenei Rangel, comandante do 37ª Companhia, na Liberdade

Informações Correio

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