domingo, 21 de outubro de 2012

Repressão nunca mais

Repressão nunca mais
O 16 de Maio de 2001 será sempre lembrado por todos os baianos, em especial pelo movimento estudantil, como mais uma lembrança sangrenta e truculenta na luta pela democracia no nosso país. Já não havia mais ditadura, a liberdade de expressão e manifestação estava assegurada pela Carta Magna desde 88, mas ainda sim o coronelismo vigente até em então na Bahia passou por cima de tudo isso e mostrou do que ainda era capaz, em nome da manutenção do poder.
Tudo teve origem no Senado Federal. Após denúncias de fraude no painel do Senado, do então senador pelo Estado da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, os movimentos sociais saíram às ruas de Salvador exigindo a cassação do mandato do referido parlamentar. Era uma luta legitima, que trazia consigo o grito anti-carlista, contra uma organização criminosa que tomava conta da Bahia, disseminada na política baiana tal qual uma praga há décadas, exercendo sua dominação através de violência e corrupção.
Como forma de protesto pacífico e emblemático, o movimento estudantil buscava lavar a calçada do prédio de ACM, no bairro da Graça, mas a Polícia Militar (PM), seguindo ordens diretas do senador e da ex-secretária de Segurança Pública, Kátia Alves, impede o movimento ao invadir o campus da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, e com bombas e cassetetes enfrenta os estudantes, que nada mais tinham além da sua voz. Um detalhe é que ACM Neto recebeu um telefonema minutos antes da tropa de choque entrar em ação e descer o sarrafo. O motivo: sair correndo da faculdade, onde, na época, era estudante.
Episódios como estes precisam ser constantemente reavivados na nossa memória, pois que demonstram claramente que a democracia não é algo alcançável apenas pela mudança formal de um regime, mas sim pela construção diária, que exige participação política, mobilização e luta. Não estar sob a vigência de uma ditadura não exclui de forma alguma a possibilidade de enfrentar atitudes ditatoriais dignas das ditaduras mais repressoras. A repercussão do movimento levou a renúncia de ACM, provando que não se pode calar a voz de um povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário