quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Os delatores de Dilma


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Inquérito militar, obtido pela revista Istoé, revela quem são os cinco informantes de Minas Gerais que, durante a ditadura, denunciaram Dilma Rousseff e integrantes de seu grupo armado aos militares
Vítima do aparato repressivo da ditadura, a presidenta Dilma Rousseff foi processada, presa e submetida a torturas por conta de sua militância em grupos de esquerda como o Comando de Libertação Nacional (Colina), que promoveu ações armadas entre 1967 e 1969. A organização de Dilma foi desmantelada por uma operação militar que prendeu seus principais integrantes e só foi possível a partir de informações fornecidas por colaboradores do regime militar. A lista desses informantes consta de denúncia oferecida pela 4ª Circunscrição Judiciária Militar em 1971 e foi obtida com exclusividade por ISTOÉ. No documento, até agora inédito, os militares listam cinco nomes de civis que, após terem testemunhado ações do Colina, passaram a integrar a rede de informações em Minas Gerais. Essas pessoas entregaram detalhes de encontros, endereços e a identidade de militantes. Um dos delatores citados no documento é considerado peça-chave para a inclusão da jovem Dilma Vana Rousseff no processo movido contra integrantes da organização. Trata-se do médico José Márcio Gonçalves de Souza, que hoje atende num hospital ortopédico de Belo Horizonte.

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No fim da década de 1960, Gonçalves lecionava na Escola de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A faculdade era considerada a principal célula de operação do grupo armado. Lá atuava Dilma Rousseff e mais cinco integrantes do Colina. Eles costumavam se reunir na cantina, onde o professor também fazia seu lanche nos intervalos das aulas, mas Gonçalves só começou a reparar nos militantes depois de ser vítima de parte do grupo. No início de 1968, quatro militantes, entre eles o sindicalista Irani Campos, abordaram o professor de medicina no estacionamento da faculdade e roubaram seu carro. Ele registrou queixa e, pouco tempo depois, foi chamado pela polícia para identificar Campos. Na acareação, negou a participação do sindicalista no episódio. Posteriormente, mudou sua versão para os militares e incluiu Irani. A partir dali, José Márcio Gonçalves foi recrutado para ajudar a monitorar os movimentos da célula da Faculdade de Medicina. Dilma, embora fosse estudante de economia, e não tivesse participado do roubo do carro, integrava aquele grupo na condição de “coordenadora nas escolas”, conforme descrição que consta do processo: “Integrava uma célula na Faculdade de medicina. Fazia reuniões com os ginasianos em sua residência.”




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