Documentos apreendidos pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica) indicam que as investigações sobre o cartel que operou em licitações
de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal poderão se estender a outras
cinco capitais: Cuiabá, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.
O material dessas cidades foi obtido nas operações de busca e apreensão
realizadas em julho em dez empresas acusadas pela multinacional alemã Siemens de
participação num esquema criado para fraudar concorrências.
O Cade afirma que ainda está analisando os documentos e que irá apurar com
rigor caso encontre "indícios de cartel em outras licitações, mercados ou
localidades".
Vinculado ao Ministério da Justiça, o Cade foi acusado pelo governo de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), de ter dirigido as investigações com o objetivo de atingir a oposição.
Vinculado ao Ministério da Justiça, o Cade foi acusado pelo governo de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), de ter dirigido as investigações com o objetivo de atingir a oposição.
O Cade diz que o inquérito focou inicialmente a atuação do esquema em São
Paulo e Brasília porque foi só nessas cidades que a Siemens admitiu ter
participado do cartel.
A multinacional alemã foi a delatora do esquema e terá anistia administrativa
graças ao acordo com o Cade. Mas, se tiver omitido informações das autoridades,
poderá perder os benefícios da delação.
O Cade encontrou documentos relacionados a Fortaleza, Recife, Rio e Salvador
nos escritórios de quatro empresas (Alstom, Bombardier, Mitsui e T' Trans). Na
CAF, recolheu documento sobre o projeto do VLT (veículo leve sobre trilhos) que
a empresa está executando em Cuiabá.
O projeto é investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, que
examinam denúncia de pagamento de propina a servidores públicos, entre outras
alegações.
Na documentação entregue pela Siemens já apareciam conversas sobre outros
projetos. Em e-mail de 2000, um executivo da Siemens afirma: "Os colegas [...]
de Salvador não têm tanto motivo para rir. Lá também a Alstom pensa que somente
ela determina como a divisão deve ser".
Em Salvador, consórcio em que a Siemens se associou às construtoras Camargo
Corrêa e Andrade Gutierrez ganhou em 1999 uma licitação para implantar o metrô, na gestão do ex-prefeito Antônio Imbassahy na época no antigo PLF,
que até hoje não está pronto e já consumiu mais de R$ 1 bilhão.
O Ministério Público Federal e a polícia apontaram fraude na concorrência.
Segundo eles, o consórcio liderado pela Siemens pagou para a empresa que ficou
em primeiro lugar deixar a disputa.
Informações folha
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