O percentual de trabalhadores da indústria, do comércio e de serviços que conseguiram reajustes salariais em índices superiores ao da inflação oficial atingiu , no ano passado, o maior patamar da série histórica do estudo Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS), feito desde 1996 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese). A inflação oficial é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De um total de 700 de negociações, 88,7% tiveram aumento real de salários, ante 78% em 2008, e 79,61%, em 2009. De acordo com o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre, a recuperação do poder de compra dos trabalhadores vem ocorrendo desde 2004, quando os ganhos reais foram obtidos por 55% das negociações.
Segundo ele, esse avanço é resultado do bom desempenho da economia, com crescimento de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) – o total de riquezas produzidas no país - em 2010. Além disso, ele atribuiu a melhoria salarial às ações das entidades sindicais na luta para a valorização do salário mínimo. “A estabilização da inflação, o mercado de trabalho em alta, o crescimento da oferta de crédito e a melhoria da renda estimularam a economia e isso ajudou a elevar o índice dos reajustes.”
As faixas de aumento mais expressivas também cresceram em 2010. Em 28 negociações, ocorreram ganhos de 5%. Nos dois anos anteriores, esse percentual tinha sido menor: duas em 2008 e dez em 2009. Em 106 negociações, o que representa 15% do universo analisado, os reajustes ficaram em torno de 3%.
O estudo também aponta que 7% de negociações tiveram pelo menos a reposição da inflação e 3,4% ficaram entre 0,01% e 1% abaixo da inflação.
Silvestre disse que a apuração só mede os grupos de negociações e não tem como mensurar o total de trabalhadores envolvidos. O estudo mostra que o setor do comércio foi o que mais concedeu aumentos reais em 95,7% das negociações, ante 90,5% da indústria e 82,8% de serviços.
Para 2011, Silvestre prevê maior dificuldade diante das previsões de uma desaceleração da economia no mercado doméstico e de “um cenário externo de muitas incertezas”. Ainda assim, projeta a continuidade de um mercado de trabalho em expansão. “O movimento sindical não vai recuar, mas, provavelmente, não teremos a mesma magnitude que em 2010”.
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