quarta-feira, 4 de julho de 2012

A lição que veio do 2 de Julho


Até seus mais duros críticos e os mais insensíveis cidadãos dessa terra estão hoje convencidos de que o governador Jaques Wagner, que começou vilão nessa greve dos professores, parece convincente quando demonstra não ter como atender às reivindicações da categoria. A lição de democracia que deu neste 2 de Julho, oferecendo a cara a tapa ante a revolta dos magistrados, em greve há 85 dias, foi uma mostra disso.
Ou será que alguém de sã consciência, independente de lado ou matiz política, haveria de imaginar que em pleno ano eleitoral, com as eleições municipais batendo às portas, um governador de Estado seria suficientemente estúpido de não conceder um aumento reivindicado por uma categoria tão forte e enraizada em todos os 417 municípios do Estado apenas por capricho? Preferiria ser imolado em praça pública a tirar a caneta do bolso e até em cima da perna autorizar o tão ansiado e justo aumento? Você, leitor, que tire as suas conclusões.
Ao resistir aos intensos protestos que os professores estão a lhe impor, justo ele, nascido no berço do sindicalismo, está o governador Jaques Wagner dando uma demonstração pública de que faz política por ideal e não apenas por interesses menores e apego desvairado ao poder.
Pode estar até arriscando a eleição de importantes aliados, quiçá seu futuro político, mas o faz, nitidamente, consciente de suas responsabilidades como governador de todos os baianos.
Fosse ele inconsequente e, ao primeiro rapapé dos professores, sucumbiria abrigado no manto da falsa bondade, decretando o reajuste, mesmo sem previsão no orçamento, sem caixa para respaldá-lo. Apenas para agradar a uma classe, dar uma de bom-moço, mesmo sabendo que estaria a comprometer e a penalizar as finanças do Estado.
Não só na Bahia, mas em todo o Brasil, grassa a compreensão de que maiores deveriam ser os recursos e investimentos na educação e, por consequência, melhores os vencimentos a serem pagos aos nobres professores. O próprio governador Jaques Wagner admite publicamente isso e nós reiteramos daqui, só que o Estado tem limites a cumprir, uma Lei de Responsabilidade Fiscal a vigiar a aplicação do dinheiro público.
Os professores tiveram seu dia de vingança nesta segunda-feira. Encheram os pulmões e vaiaram enquanto puderam o governador no desfile do 2 de Julho. Exerceram um dos soberanos princípios da democracia. Não foram surrados como no passado nem calados pelas Savacks da vida, sepultadas com seu criador.
Devem ter voltado para casa de alma lavada e o governador convencido de que precisa se cercar de bons negociadores, de quem saiba sentar à mesa e mesmo sem poder atender às reivindicações de uma categoria, tratá-la com respeito.
Hoje, poucos duvidam da realidade do Estado e de que nele existem leis, um orçamento e um gestor, eleito pelo povo e para cuidar dos destinos desse povo, de quase 10 milhões de baianos e não apenas de uma categoria de ilustres servidores e que não são os únicos a reivindicar e merecer melhores salários.
Que o bom-senso prevaleça, sem vencedores nem vencidos nessa refrega, até porque o brado dos professores foi ouvido por toda a sociedade, - e a Tribuna faz questão de endossá-lo – e, em atenção aos nossos jovens, há quase há 3 meses sem aulas, que tomem de volta o caminho das escolas.


Por
Paulo Roberto Sampaio Tribuna da Bahia










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