Por Evilásio Júnior
Um dia antes do fatídico incêndio que destruiu o Solar Boa Vista (ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui também), atual sede da Secretaria de Educação da prefeitura de Salvador e antiga residência do poeta Castro Alves, o prédio foi alvo de um encontro incendiário. O titular da pasta, João Carlos Bacelar, que preside o PTN na Bahia, se reuniu com vereadores do seu partido, insatisfeitos com um decreto específico do prefeito ACM Neto (DEM): a determinação de que todos os pagamentos passariam a ser, a partir de agora, concentrados na Fazenda do Município. O Bahia Notícias apurou que, no calor das discussões, um bate-boca entre Bacelar e Carlos Muniz quase vai às vias de fato. Motivo: a medida do atual governo desagradou o edil mais votado na capital baiana em 2012, pois o seu irmão seria dono de uma das empresas fornecedoras de merenda escolar para a pasta. Exaltado, ele teria tentado, inclusive, mexer com os brios do dirigente, ao questionar quem de fato manda na secretaria, mas só conseguiu acender o pavio. Também teria causado descontentamento aos vereadores – não só Muniz – a determinação de suspensão de contratos. Dos 25% de execução orçamentária constitucional para a Educação, boa parte é utilizada na cidade para pagar aluguel de veículos, compra de suprimentos e, sobretudo, pagamento de pessoal. Atualmente, cerca de 1,2 mil funcionários que atuam no órgão são terceirizados. Tradicionalmente em Salvador, vereadores intermediam tais contratações. Só o convênio com a ONG Pierre Bourdieu recebeu da secretaria R$ 64 milhões em três meses, o que é alvo de inquérito no Ministério Público Estadual. A suspeita é a de que o dinheiro serviu justamente à campanha do PTN, que dobrou o número de representantes na Câmara em 2013: passou de três para seis. Nesta quinta-feira (3), coincidentemente, o setor de contratos do prédio outrora lúdico, onde foi iniciado o fogo, foi consumido pelas chamas.
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