domingo, 24 de maio de 2015

Ao som de o tempo não pára, Movimento PT lança manifesto Avante Camarada


Fotos SL

Ao som de o Tempo Não Pára musica sugestiva para os dias atuais, eternizada na voz de Cazuza nos anos  80, e do Rap denuncia das contradições da sociedade , militantes da Corrente Movimento PT,tendencia interna do Partidos dos Trabalhadores.Lançaram na manha deste sábado(23),no auditório do Centro Cultural da Câmara Municipal de vereadores de Salvador na Praça Municipal. 
     
O Manifesto Avante Camarada, o documento traz  reflexos sobre a organização partidária,alianças, relação com a base social,politica econômica e as gestões petistas no Brasil. O evento contou com presenças de lideranças comunitárias,rurais,sindicalistas,estudantes,artistas,pescadores,lideranças religiosas, dos deputados federais Jorge Sola,Luiz Caetano,dos deputados estaduais Marcelino Galo e Luíza Maia,do vereador Armando Lessa,dos presidentes do PT municipal  Marta Rodrigues e estadual Everaldo Anunciação do ex-deputado estadual e Ouvidor Geral do Estado Yulo Oiticica,alem membros dos diretórios municipais e estaduais do PT. 

Confira o Manifesto:   

O Partido dos Trabalhadores surge da necessidade sentida por milhões de brasileiros de intervir na vida social e política do país para transformá-la. A mais importante lição que o trabalhador brasileiro aprendeu em suas lutas é a de que a democracia é uma conquista que, finalmente, ou se constrói pelas suas mãos ou não virá."
Manifesto de Fundação do PT- 1980
Em pleno ano de 2015, às vésperas do 5º congresso do Partido dos Trabalhadores, sabemos que existem mudanças evidentes na forma como as tendências internas se organizam. Fragmentação, dispersão, fluidez ideológica, baixa organicidade, dentre outros, são marcas contundentes desse processo. É neste contexto, organizando-se em sentido inverso, que alguns de nós, dirigentas e dirigentes partidários, oriundos de origens diversas, forjados em embates fundamentais dos rumos do PT da Bahia e do Brasil, vindos de governos estaduais, federal ou municipais, da ação parlamentar ou da luta social, que nos dirigimos ao conjunto da militância para apresentar algumas reflexões.
Partimos da ideia força de que é preciso colocar o PT em movimento, com base em um sentimento comum que partilhamos: o sentimento de unir os diversos, não para torná-los iguais, mas para constituir uma nova pluralidade criativa na diversidade que sempre nos definiu.
Somos militantes oriundos da luta pela reforma sanitária e da constituição do SUS; das comunidades eclesiais de base e formados pela teologia da libertação; dos movimentos agrários, forjados nas ocupações de terra; das associações comunitárias, da luta pela moradia, dos movimentos de pesca, da ação sindical, das históricas greves que fundaram a base da CUT e das lutas aguerridas da União Nacional dos Estudantes. Somos militantes da tradição do comunismo e da esquerda cristã, lutadores sociais com acúmulo histórico de lutas concretas, fortalecidas em processo eleitorais vitoriosos para vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais. Somos caudatários de experiências exitosas de gestões municipais petistas, experimentadas e reproduzidas concomitantes ao fortalecimento do partido. Somos a força viva de mandatos democráticos, populares e combativos em que buscamos honrar a mais pura tradição petista. Somos parte dos setoriais partidários, militantes da saúde, dos direitos humanos, da educação, da cultura, do meio ambiente, dos movimentos LGBTs, de mulheres, de combate ao racismo e das diversas juventudes incluindo a juventude negra.
O atual cenário político impõe à esquerda mundial um novo momento de profundas reflexões e novas formulações para a disputa social e para a atuação na luta anticapitalista. Formular a contra hegemonia vai requerer de nós mais do que medidas governamentais de humanização do capitalismo ou de inversão de prioridades no Estado. Exigirá de nós a necessidade de revigorar o ideal socialista fortemente atacado pela pós modernidade, bem como as instituições nascidas das lutas populares e que hoje estão sob forte ataque, acusadas de descrédito político, moral e intelectual, a exemplo do Partido dos Trabalhadores.
Há no mundo um forte vento vindo ainda do neoliberalismo que ganha volume com o crescente conservadorismo retrógrado aparente no inicio do século XXI, no velho continente e, nessa década, ganhando força nos países latino americanos. A vitória eleitoral de Dilmacertamente barrou, de modo pontual, um avanço mais pungente da direita em todo o mundo. Mas, é sabido por todos nós que, considerando a violência com que tudo arrasta o grande capital, essa não terá sido uma guerra ganha. Ganhamos uma batalha, mas a guerra segue e se acirra.
O ano de 2015 tem se consolidado como um dos mais difíceis já vividos pelo PT e pelos petistas nesses últimos 35 anos de política. O ciclo de desenvolvimento, iniciado no governo do Presidente Lula e seguido pela presidenta Dilma, está diante de uma crise do capitalismo que assola o mundo e que produz desaceleração econômica como consequência imediata, gerando desemprego e estagnação nos indicadores de crescimento e desenvolvimento da economia mundial, além da retirada de direitos sociais. O Brasil é um dos países que melhor respondeu a esse processo. Mantivemos, nos últimos 12 anos de governos petistas, um bom ritmo de investimentos estruturantes no país e de investimentos em políticas sociais que garantiram uma significativa elevação da qualidade de vida do povo e da classe trabalhadora. No entanto, não passamos incólumes. Vivemos uma conjuntura adversa, onde a desaceleração da economia brasileira somada a esse momento intenso de disputa política “pós - presente- eleitoral” impôs algumas derrotas ao PT e um nebuloso cenário pela frente. O alvo é o petismo e a nossa capacidade de mobilizar e organizar o povo que está sendo atacada. Como nunca antes na história desse país será preciso defendernosso grande patrimônio político da esquerda brasileira que é o Partido dos Trabalhadores.
Para além disso, é fundamental reconhecermos que o ciclo político que iniciamos também se esgotou. Chegamos ao fim de um ciclo na economia brasileira e, somente nós mesmos, o maior partido de esquerda do país, temos condições de apresentar uma renovação programática que impulsione a classe trabalhadora a se reconhecer como classe e impulsionar as lutas necessárias para avançar na luta por melhores condições e qualidade de vida. Este é um momento onde é preciso aprofundar a sororidade petista. Sororidade, porque para além da fraternidade, será preciso muita capacidade de síntese e de construção política para atuarmos no sentido de fazer o PT retomar o crescimento partidário e disputar hegemonia ideológica na sociedade. Para executar esta tarefa tão complexa precisamos ter a capacidade de criar a unidade, não apenas de objetivos econômicos e políticos, mas também uma unidade intelectual e moral, colocando todos os problemas que surgem não ao nível corporativo ou no nível dos interesses individuais, mas ao nível universal, e nossas práticas devem demonstrar concretamente que estamos comprometidos com os interesses das classes subalternas, isto só é possível em condições de livre debate, de capacidade de crítica e auto-crítica, de democracia interna e de estruturas flexíveis e responsáveis.
É o momento de fortalecermos nossas instâncias, ampliar os espaços de debate, de impedir práticas excludentes e aniquiladoras entre as correntes de pensamento e organismos internos do Partido. É momento de retomar as alianças com os movimentos sociais e com a intelectualidade. É momento de retomar a formulação sobre o projeto de futuro do país e de aprofundar nossas bandeiras de luta. A reforma política, a democratização e a regulamentação das comunicações, a reforma tributária e a reforma agrária são fundamentais para a democracia brasileira seguir crescendo e, impulsionar esse processo político será a difícil tarefa de nosso Partido no próximo período. Mas,será preciso um partido mais forte, em permanente luta e movimento. Precisamos garantir o funcionamento vibrante das instâncias e mais que isso, que delas emanem política própria de construção na e de ponta.
O segundo turno das eleições de 2014 demonstrou a força que possui um importante setor da sociedade composto por militantes sociais, artistas, intelectuais, ex-militantes e filiados ao PT que estão a margem de suas estruturas, que não admitiam a hipótese da vitória do candidato identificado com o retrocesso e o obscurantismo. Saíram às ruas para defender a vitória da Dilma e o discurso de . Dilma venceu a mais disputada eleição presidencial desde a redemocratização do país. É este setor, difuso e ao mesmo tempo organizado em redes e conexões, que nada lembra o tradicionalismo organizacional do PT que precisamos ouvir, e é também para ele que devemos nos dirigir, para debater e agregar. É a grande sociedade petista, imbuída de petismo, um sentimento de pertencimento orgânico ao partido como ele deveria e poderia ser.
A tarefa posta para nós é certamente a mais desafiadora de toda nossa história: reorganizar o petismo, avançar na formação, avançar na formulação política e avançar na organização partidária. Estas serão, certamente, condições para seguirmos como referência e como instrumento de luta e organização da classe trabalhadora brasileira. Para além disso, será preciso produzir muitas opiniões e iniciativas políticas para conduzirmos a coalizão partidária fruto de nossas alianças. Para nós, as baianas e baianos, acrescemos à essa tarefa a responsabilidade de governar um dos maiores estados da federação pelo terceiro mandato consecutivo. Fomos bem eleitos, reeleitos e novamente eleitos em primeiro turno. O PT-Bahia tem a responsabilidade de irradiar política, organização partidária, opinião e chamar à luta cada petista a cumprir sua tarefa militante. É responsável, também, por produzir o debate político que nos conduza a uma ação unitária e representativa. Mais do que nunca esse é momento de unidade interna, de produção de síntese e de estabilidade.
Algumas questões são urgentes neste sentido: devemos aprofundar a nossa concepção de governança, pois o Modo Petista de Governar deve avançar para um modelo de governança popular. Um modelo que formule sobre como empoderar os sujeitos sociais em reais processos decisórios que compreendam a contemporaneidade tecnológica e a emergência de novas formas e métodos organizativos societários, que extrapole o Estado em seus limites espaciais e burocráticos, que submeta a máquina estatal aos novos sujeitos e novos direitos latentes da nova esfera pública em erupção.
Construir uma política de comunicação integrada, constituída de forma coletiva como instrumento de luta e de organização social. Por isso, precisamos de uma nova política de comunicação pública e também partidária! É preciso aprofundar a leitura sobre o papel da internet e, em especial das redes sociais, elaborando sobre a novas relações sociais a partir do avanço tecnológico. Além de disputar a informação, precisamos compreender a comunicação com um importante instrumento de mobilização e, neste sentido, precisamos de mais militância social no mundo virtual do que de empresas digitais que buscam entregar soluções pré-moldadas e pouco compreendem a dinâmica política. Organicidade para estabelecer um movimento de acúmulo de força que construa uma contra-hegemonia nas redes, espaço reprodutor das exclusões sociais e reificações presentes na sociedade.
É preciso estabelecer uma política de investimento no futuro. Sem disputar os corações e mentes agora, não teremos uma sociedade mais progressista no futuro. Num breve olhar sobre a última década, dentre tantos acertos nossos, um erro fica evidente: não fomos capazes de disputar a hegemonia de pensamento com o status quo. A atual geração de jovens certamente é a maior beneficiada por políticas sociais,seja no campo da educação, seja no mundo do trabalho em toda a história do Brasil. Ocorre que não fomos capazes de disputar com o individualismo e, sobretudo, com o consumismo. Não fomos capazes de instigar um sentimento de luta necessária, de luta por um mundo ainda melhor, e muita vezes, na condição de governantes, somos confundidos com os verdadeiros algozes. A juventude brasileira não reconhece no PT a possibilidade de mudança como foi em todas as ultimas décadas. Retomar esse sentimento e essa identidade só será possível se libertarmos nossa juventude das amarras estritamente formalistas da burocracia partidária. Precisamos que a juventude do PT tenha como centralidade atuar com a juventude brasileira, constituindo-se enquanto uma juventude de massas, que se encontre com a pauta dos cotistas, dos ainda excluídos, da juventude da periferia que convive com o seu extermínio racista, com os jovens libertos da hetero-normatividade e absolutamente conectada com o seu tempo, um tempo a frente, mais veloz e avante.
É necessário construir uma governabilidade de novo tipo, baseada no fortalecimento do PT enquanto espinha dorsal nas alianças que formamos, referenciada na esquerda social e que cumprirá o papel de sustentar e impulsionar os nossos governos na direção dos nossos programas de governo. Programas que devem ter parâmetros mínimos sobre os quais devem se basear nossos governantes na adoção de medidas que consolidem a nossa força popular. Esta política não prescinde do fortalecimento e aumento das bancadas, não submeterá os diretórios do partido aos ditames de aliados duvidosos, não abrirá mão de petistas históricos em favorecimento de candidaturas sem viabilidade eleitoral, essa é a política que faremos sem exitar, sem duvidas, sem medo de ser PT.
Defendemos a autonomia dos diretórios municipais, respeitando as resoluções estatutárias e impedindo que o necessário acompanhamento dos processos eleitorais pelas direções gerais, se transformem em ações cartoriais e intervencionistas, que substituam o debate político e a vocação de poder nas cidades por acordos de cima, que desconhecem a força do nosso partido e via de regra jogam sal nas possibilidade dos Diretórios encontrarem seus próprios caminhos rumo à consolidação da estratégia petista.
O desafio posto ao PT, aos petistas e ao petismo, é com certeza o mais profundo de sua história. O sentimento de crise é típico dos períodos de transição, quando elementos do novo e do velho convivem em um frenesi dialético que embaralham a compreensão do observador mais desatento. Nos exige de conjunto leitura e atenção redobrada, estudo e disposição para a luta, necessidade de não ficarmos parados no mesmo lugar, certeza de onde se quer chegar. Um caminho que se faz ao caminhar posicionando-se um passo a frente, mesmo que as vezes seja devagar. Sempre em frente, sigamos firmes, vibrantes, altivos(as) e confiantes

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