Foto reprodução Google
Por Altamiro Borges
O jornalista Marcelo Rezende, que exibe o programa policialesco e
sensacionalista "Cidade Alerta", precisa ser rapidamente exorcizado pelo dono da
Rede Record, Edir Macedo. Na semana passada, o Ministério Público Federal em São
Paulo ajuizou ação civil pública contra a emissora do bispo por incitar a
violência durante a transmissão, ao vivo, de uma perseguição policial na zona
sul da capital paulista. Na ocasião, em junho do ano passado, o "matador" da
tevê pediu, aos berros, ao policial que perseguia dois suspeitos: "Atira neles,
meu camarada! Se fosse nos Estados Unidos, atirava". E, de fato, o PM disparou a
queima roupa e matou os dois jovens, para a alegria macabra do apresentador
Marcelo Rezende: "Se atirou, é porque o bandido estava armado. Ele fez muito
bem".
Diante deste absurdo, o MPF solicitou que a
Record exiba a retratação, por dois dias úteis, no mesmo horário do programa e
com o mesmo tempo de duração da reportagem que mostrou a perseguição. O órgão
atendeu a uma representação do Coletivo Intervozes, que ressaltou que “a
exibição das imagens e o discurso do apresentador ferem o capítulo V da
Constituição ao violar os direitos humanos e fazer apologia à violência, além de
desrespeitar o princípio da presunção de inocência”. Já o MPF acatou a ação por
entender que as imagens transmitidas no programa "Cidade Alerta" são
inapropriadas para o horário e não respeitam a finalidade educativa e cultural
das emissoras de televisão.
Para o procurador Pedro Antonio de Oliveira
Machado, “o teor do discurso do apresentador tem forte relevância social já que
ele é formador de opinião e, por esse motivo, deveria prezar por não incitar a
violência e zelar pela dignidade humana". Ele lembrou ainda que a televisão,
segundo a Constituição Federal (artigo 21, XII, “a”), é um serviço público da
União, no caso, explorado por empresa privada (Rede Record), mediante concessão
do Poder Público" e deve respeitar a legislação sob pena de ser punida. Para
ele, o princípio da liberdade de imprensa não pode se sobrepor ao Estado
Democrático de Direito, que assegura "o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias".
Diante da solicitação do Ministério Público Federal, a TV
Record apresentou a desculpa esfarrapada de que foi uma transmissão em tempo
real, sem condições para escolher as imagens. Mas o MPF não caiu nesta conversa.
Para o órgão, ao autorizar e transmitir a perseguição policial, a emissora
assumiu a responsabilidade pelo resultado. Além disso, diferente do que alegou,
ela teve a opção de escolha, uma vez que voltou a exibir as imagens gravadas da
perseguição. Em caso de descumprimento da solicitação, a TV Record deverá pagar
multa de 97 mil reais por dia. O melhor, como já foi dito, é exorcizar o
"matador" Marcelo Rezende!
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