Há na política o costume de conceder a novos governantes uma trégua nos cem primeiros dias de gestão. Tempo para que a novidade diga a que veio. Fernando Henrique Cardoso não parece disposto, porém, a conceder o armistício de praxe à presidente Dilma Rousseff.
Neste domingo (6), decorridos apenas 37 dias do início da gestão Dilma, o presidente de honra do PSDB insufla a oposição a se opor imediatamente. Como faz todo primeiro final de semana do mês, FHC manifestou-se por meio de artigo. A peça é veiculada em vários jornais do país.
Sabendo-se general de uma tropa dividida ao meio –um pedaço com José Serra, outro com Aécio Neves—, FHC anota: “Ou a oposição fala e fala forte, sem se perder em questiúnculas internas, ou tudo continuará na toada de tomar a propaganda por realização”.
Ele enxerga em Dilma “um estilo diferente” do de Lula. “Mais discreta, com menos loquacidade retórica”, realça. A despeito das “nuances”, decreta: “O governo é um só Lula-Dilma, governo do PT ao qual se subordinam ávidos aliados”.
A certa altura, FHC escreve que, sob Lula, o governo “sonegava à população o debate sobre seu futuro”. O itinerário era traçado, segundo ele, “em surdina”. O caminho “era definido nos gabinetes governamentais e nas grandes empresas”.
Depois, anota FHC, “se servia ao país o prato feito na marcha batida dos projetos-impacto tipo trem-bala, PACs diversos, usinas hidrelétricas de custo indefinido e serventia pouco demonstrada”. Compara Lula aos militares da ditadura.
Escreve que tudo sucedida “como nos governos autoritários do passado”. Em seguida, acomoda no texto uma frase com cara de brado: “Está na hora de a oposição berrar e pedir a democratização das decisões, submetendo-as ao debate público”.
Fonte: Folha
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