domingo, 25 de dezembro de 2011

ORGULHO DE MORAR NO SUBURBIO:Apesar dos problemas, suburbanos não sai da regão por nada

Uma reportagem  do jornalista  Victor Uchôa do Correio da Bahia sobre o Suburbio Ferroviario e Salvador mostra,a importancia da região para os moradores e seu desenvolvimento,alem das suas belezas naturais,veja a reportagem.
 “Nasci aqui, cresci aqui e só saio daqui direto pro cemitério”. É com essa segurança que o aposentado Carlos Roque Nabuco, de 69 anos, morador de Periperi, resume sua relação com o Subúrbio Ferroviário de Salvador.
A afirmação pode até surpreender muita gente que mora na capital baiana e sequer conhece a região, principalmente porque nos últimos anos tem se falado mais sobre a violência no Subúrbio do que, por exemplo, sobre suas belas praias de águas tranquilas.
Nada disso abala a convicção de Nabuco, conhecido como Chimbinha. Ali, em meio aos mais de 600 mil habitantes da região, ele construiu a vida, fez amigos, resolve os problemas e ainda encontra o lazer.
Chimbinha argumenta que, sem sair do Subúrbio, encontra todos os serviços disponíveis “na cidade” e, ao mesmo tempo, desfruta de um ambiente que só pode ser comparado ao de pequenos municípios do interior.
“Banco tem aqui, mercado tem demais, tem hospital, SAC, loja é o que não falta”, relaciona, com os amigos que se reúnem na Rua Dr. Andrade, em Periperi, a cada entardecer, para jogar conversa fora e – o principal – fazer hora com a cara dos outros.
Entre eles está Adilson Brunelli, 57 anos, o Digo, escrivão do cartório de Periperi, apresentado pelos amigos como “o homem que tem mais menino nesse Subúrbio”. “É mesmo, rapaz? E por que isso assim?”, indaga o repórter: “Oxi, pergunte quantas crianças ele registra por dia...”, respondem.
Para Digo, o melhor do Subúrbio são as pessoas de “boa energia”. “Todo mundo se conhece, se junta ali na praça, joga um dominó, fala da vida. No baba da praia, cada bairro tem seu time e o negócio é disputado. Nunca pensei em morar ‘na cidade’. Onde é que eu vou conseguir os amigos e a estrutura que eu tenho? E tem mais, aqui tudo é barato”.
No quesito custos, o Subúrbio é mais econômico para o morador. A pedido do CORREIO, a Secretaria Municipal da Fazenda calculou o valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de dois imóveis hipotéticos com características semelhantes. Enquanto um morador do Subúrbio Ferroviário paga R$ 35, quem vive na Barra, por exemplo, tem que desembolsar R$ 470 para ter vista para a Baía de Todos os Santos num terreno de 120 m².
O custo de vida foi um dos motivos que fizeram o vendedor Carlos Alberto Santos, de 46 anos, deixar o bairro de Brotas para viver em Fazenda Coutos III, onde será instalada a próxima Base Comunitária de Segurança.
“Violência tem em todo lugar. E mesmo assim, o problema mesmo é entre os bandidos. Eles ficam na disputa e um mata o outro. As pessoas são maravilhosas, me estabilizei e não troco o Subúrbio por nada”, afirma Carlos, enquanto procura presentes para a família na Vila Nossa Senhora Aparecida, espaço do antigo mercado de Paripe.
A rua estreita é como um corredor de shopping, mas sem vitrines. Roupas, calçados, aparelhos eletrônicos e bijuterias ficam ao alcance dos olhos e das mãos dos clientes. E eles nunca faltam, para alegria de Adailton ‘Nem’, gerente da sapataria Ponto Jovem. “Trabalho aqui, moro aqui e conheço tudo. Vou mais pra onde?”.
A mesma pergunta quem se faz é Telma Cerqueira, 50 anos, dona de ampla casa de frente pro mar de São Tomé de Paripe. Ela nasceu em Periperi, sempre viveu no Subúrbio e acha que ficou “com o umbigo plantado” em algum lugar do seu terreno, carregado de manga, banana e abacate. “Aqui tem essa mistura do verde com a maresia”, diz Telma, durante uma partida de dominó com a mãe, Iracema Cerqueira, 77. Depois, saem na porta de casa, olham o mar e Telma, conclui: “Meus filhos moram perto do Iguatemi, mas eu não saio daqui, não. Tem gente que acha besteira minha, mas fazer o quê? Eu sou suburbana mesmo”.
Ao lado de São Tomé de Paripe, a praia de Inema, onde fica a Base Naval de Aratu, é a queridinha das autoridades máximas do Brasil. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), por exemplo, adoravam passar férias nas calmas águas da praia do Subúrbio Ferroviário, que tem área reservada para atender as autoridades nacionais que a visitam para descansar à beira-mar. Durante a permanência na praia, os presidentes causam furor entre os moradores do Subúrbio. Os moradores da área acabam tendo alguns contatos com as autoridades. “FHC passava andando aqui na porta. Aqui tem essa mistura do verde com a maresia. Isso é muito bom”, diz Telma Cerqueira, 77 anos, moradora da praia de São Tomé de Paripe, que fica ao lado da praia de Inema.





Um comentário:

  1. É isso ai temos que valorizar mesmo o nosso bairro que vivemos, apesar dos pessar!

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