A tentativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de inibir a prática das chamadas doações ocultas nas eleições deste ano fracassou. Levantamento sobre as prestações de contas de todos os 567 congressistas eleitos revela que não é possível saber a origem exata de R$ 179 milhões dos R$ 801 milhões que abasteceram as campanhas.
Isso aconteceu porque, em vez de serem destinados diretamente aos candidatos, os recursos foram doados aos partidos, que os repassaram. Com isso, na prestação de contas do candidato são os diretórios partidários que aparecem como responsáveis pela doação - e não as empresas que efetivamente fizeram as contribuições. Apesar de não ser ilegal, a manobra permite que empresas doem a candidatos sem ter o nome associado diretamente a eles.
Em março, o TSE determinou, por meio de uma resolução, que os diretórios deveriam identificar “origem e destino” das doações. Porém, uma brecha permitiu a manutenção da prática: a resolução não exige que essa prestação de contas faça a ligação individual doador-candidato. Em outras palavras, a regra dá margem para que os partidos mantenham a prática de apenas listar os doadores e, em outra parte, os dos candidatos beneficiados, sem ligar uma ponta à outra.
A única alteração feita pelo TSE foi a antecipação da divulgação das prestações dos partidos, que neste ano aconteceu simultaneamente à divulgação das prestações dos candidatos - antes, era no ano seguinte. O valor doado de forma oculta representou 22% do total de doações dos eleitos para o Congresso.
Ao todo, 360 eleitos receberam algum tipo de doação oculta. Um caso emblemático é o do deputado federal Maurício Trindade (PR). Dos R$ 651,2 mil declarados ao TSE, R$ 650 mil foram repassados a ele por seu partido. O senador Sérgio Guerra (PSDB), eleito deputado federal, recebeu R$ 2,7 mi do partido. No Senado, o destaque é Edison Lobão (PMDB). Para sua campanha, R$ 4,1 mi (75,4% do total) vieram do PMDB.
Fonte: Tribuna da Bahia
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