O estado mais negro depois da África comemora, durante este mês, o Dia Nacional da Consciência Negra (sábado, 20) realizando uma programação intitulada Novembro Negro, que vem sendo desenvolvida na capital e no interior, gratuitamente. Com a mensagem ‘Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade’ e em sua quarta edição, o projeto reforça a disposição do governo em dar sequência ao projeto - que provoca a mobilização e o debate sobre o racismo - iniciado com a criação da Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), em 2007.
Realizado em parceria com Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN), o evento conjuga ações da sociedade, órgãos do governo e das prefeituras, com uma série de atividades para a reflexão sobre a ocupação dos espaços pelo homem e a mulher negra na sociedade contemporânea e as possibilidades de reverter quadros de discriminação e de exclusão desta população. O Novembro Negro inclui ainda na pauta de discussão, as relações sociais discriminatórias e as conquistas da população negra baiana e brasileira.
O projeto conta com uma forte campanha publicitária, que chegou às ruas na semana passada, com veiculação em outdoors, jornais, revistas e ônibus. Este ano, os esforços são voltados para dar maior visibilidade ao empenho do governo da Bahia em consolidar ideias e práticas que sustentam as ações públicas para a superação das desigualdades.
“Esta edição tem procurado fazer um balanço do que foi o trabalho dentro dessa ampla agenda de promoção da igualdade, especificamente da racial, aproveitando o caráter da data para fazermos essa reflexão, porque a Sepromi, como uma novidade nessa gestão, precisa aproveitar todas as possibilidades de encontrar um caminho para trilhar”, afirma a secretária de Promoção da Igualdade, Luiza Bairros.
Programação
Os amantes da fotografia podem conferir em 60 imagens, no Palácio Rio Branco, a simplicidade marcada nos olhares tímidos dos mais velhos e a alegria estampada nos rostos das crianças de comunidades de Rio das Rãs, Mangal, Barro Vermelho, Barra e Bananal. As cenas são eternizadas pelas lentes dos fotógrafos Rita Cliff, Márcio Lima e Alvaro Villela.
A advogada Célia Moreira ficou impressionada com o colorido e preto e branco das imagens da Exposição Gente de Quilombo. “Importante divulgar essa visão sobre o negro. É difícil na sociedade valorizar a presença desse povo. A exposição provoca uma reflexão positiva”. A visitante ressaltou a luta para garantir a manutenção do Decreto Federal 4.887/2003, que trata dos procedimentos para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras quilombolas.
Na Galeria do Conselho, no Palácio da Aclamação, no Campo Grande, estão expostas 15 esculturas da Exposição Mulheres Africanas, que dão vida e forma às mulheres negras. Pelas mãos da artista plástica Surama Caggiano, as curvas, vestimentas africanas e adereços foram trabalhados em material reciclado. Do Senegal, Nigéria, Libéria, Cabo Verde, Burkina Faso, Togo, Costa do Marfim, o feminino é retratado pela artista que, pela primeira vez, expõe na capital baiana. A mostra fica em Salvador até 6 de dezembro.
Praças, bibliotecas, parques, escolas, salas de cinema e de teatro, terreiros de candomblé também são invadidos pela cultura negra e suas diferentes abordagens. Na Biblioteca Pública dos Barris, a exibição de filmes também garante um novo olhar sobre a cultura negra. “A temática é importante para dar visibilidade aos heróis negros e estimular os estudantes a se tornarem protagonistas. A autoestima é extremamente relevante para o aprendizado e formação. Na Bahia, todas essas produções podem ser aproveitadas o ano todo”, afirma a professora de etnomídia, Lindiwe Aguiar.
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