Transtorno. Essa é a palavra que resume a sensação das pessoas com deficiência (PcDs) ou mobilidade reduzida que dependem do sistema intermunicipal de transporte para se deslocar entre as cidades baianas. Falta acessibilidade e sobram dificuldades nos ônibus, tanto metropolitanos quanto rodoviários que, em maioria, não são adaptados para transportar essa demanda que não é pequena.
Em toda a Bahia, são cerca de dois milhões de pessoas com deficiência, sendo que 400 mil estão na capital e 1,6 milhão no interior. Com centros de Saúde e reabilitação concentrados em Salvador e nas grandes cidades, a viagem de ônibus, que é quase sempre necessária para tratamento, acaba se tornando também um desafio.
Recém-operada, Ana Magalhães, de 61 anos, sentiu na pele esse problema. Com dificuldades para se locomover normalmente depois de uma delicada cirurgia na coluna vertebral e no quadril, ela pretendia voltar de ônibus para casa, em Bom Jesus da Lapa, a quase 900 quilômetros de Salvador, depois de 30 dias na capital. Pretendia, até ser alertada pelo médico de que tanto o seu acesso quanto a permanência no ônibus lhe exigiriam movimentos que não poderia fazer.
“Nunca tinha atentado para isso até que precisei. Mas as pessoas, na verdade, não estão preocupadas com as necessidades dos outros e tudo é pensado para quem não tem nenhum problema. Mesmo na rua, durante as consultas, tive dificuldade para ter acesso a rampas na rua, com passagens obstruídas por carros, por exemplo. O poder público deveria tomar alguma iniciativa”, alertou.
Por apresentarem a carroceria mais alta do que os ônibus urbanos comuns, os interestaduais rodoviários, sobretudo os rodoviários, não são adaptados como aqueles que circulam na cidade. De acordo com entidades que atuam na defesa dos direitos de PcDs, não existe nenhuma legislação específica que obrigue a adaptação desses veículos.
Inacessíveis – “Os ônibus interestaduais de viagem são totalmente inacessíveis. Além de serem mais altos, têm a porta muito estreita e aquela divisória que separa os passageiros do motorista, que é ainda mais apertada, e tudo isso inviabiliza. O acesso das pessoas com deficiência é sempre feito com constrangimento, sendo carregadas por alguém”, lamentou Luiza Câmera, presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef).
Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), os ônibus rodoviários já saem de fábrica adaptados às regras de acessibilidade desde 1º de janeiro de 2009 e, após inspecionados, recebem o selo de Identificação da Conformidade (Selo Acessibilidade) na cor laranja, afixado na porta de serviço dianteira dos ônibus, indicando que as adaptações estão em conformidade com os requisitos estabelecidos pela regulamentação técnica do Inmetro e que os ônibus estão autorizados a trafegar.
Informações Tribuna
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