sexta-feira, 6 de abril de 2012

Postos de saúde do municipio depois da saída das Osid atendimentos pioram

A revolta da pedagoga Márcia dos Santos, 37 anos, só não é maior que a dor no braço esquerdo. Há duas semanas sem dormir direito, ontem procurou atendimento médico nos postos de saúde de Pernambués e Boca do Rio. Na primeira unidade não havia ortopedista. Na segunda, tinha médico, mas não foi atendida.
A demora no atendimento e a falta de profissionais têm ocorrido com frequência nos dois postos. Cansados, pacientes querem que a administração das unidades seja devolvida às Obras Sociais Irmã Dulce (Osid).
A gestão das duas unidades de saúde, que funcionam em regime de 24 horas, estava a cargo das Osid até o início de janeiro, mas a instituição desistiu da tarefa, alegando prejuízos financeiros em decorrência dos constantes atrasos nos repasses, pela Prefeitura de Salvador, dos recursos liberados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A situação mais grave é no posto Edson Teixeira Barbosa, em Pernambués, que atende em média 600 pacientes. Hoje, a unidade é administrada pelos Serviços Médicos Gerais (Semege).
Rosilene Conceição Ribeiro, 37 anos, grávida de três meses, chegou na unidade às 7h da última quarta-feira, em busca de um atendimento no ambulatório. Foram três horas para ela ser chamada à sala de exames. “E o pior é que fui atendida na condição de preferencial. Quando isso aqui estava sob os cuidados das Osid era bem diferente. Funcionava direito, como um mini-hospital”
Rosilene diz ter ficado estarrecida ao saber que, na unidade, não há copo para beber água e nem papel higiênico. “Tem gente que, quando vem aqui e precisa ir ao banheiro, já traz o papel (higiênico) de casa”, diz.
Com os salários atrasados há dois meses, os poucos profissionais que restam na unidade ameaçam entrar em greve. “Muitos de nossos colegas médicos, enfermeiros e outros da área de saúde estão abandonado os postos de trabalho. Aqueles que continuam, como eu, só estão aqui por amor aos pacientes”, declara um funcionário, sem se identificar.
Segundo ele, em casos críticos, um dos diretores da unidade, que é médico, passa a atender os pacientes. “Ele é clínico e acaba pegando pacientes de ginecologia, ortopedia, pediatria. O paciente sai daqui acreditando que a consulta foi com um especialista. Quando a gestão era das Osid, nada disso acontecia”.
Além do salário, o pagamento do transporte tem causado transtorno aos funcionários. “A gente que trabalha das 19h às 7h tem que esperar até as 10h para pegar o dinheiro da passagem da semana. Como se não bastasse o cansaço e o desgaste físico, o dinheiro é fracionado: um dia a gente recebe R$ 10, três dias depois mais R$ 10 e assim vai. Já fiquei aqui esperando R$ 5”, conta um maqueiro. As condições de trabalho também são motivo de insatisfação. “Não tem fardamento, luvas para trabalhar na limpeza, nem crachá funcional. Tudo aqui é a ‘migué’”.

Informação Correio






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