segunda-feira, 23 de março de 2015

Holiday, o negro que chama cotistas negros de vermes

FOTO: Reprodução:
Marcos Sacramento escreveu artigo para o Diário do Centro do Mundo comentando um vídeo de Fernando Holiday, 18, ligado ao Movimento Brasil Livre: "O que leva um garoto negro a gritar diante das câmeras contra a implantação de cotas raciais nas universidades e em concursos públicos?", escreveu.
Em um trecho do vídeo Holiday afirma: "Nós negros e pobres podemos sim vencer na vida através do mérito, não precisamos ficar como vermes, como verdadeiras parasitas atrás do estado, querendo corroer cada vez mais e mais, com esse discurso de merda, com esse discurso lixo. Vocês fazem dos negros verdadeiros porcos no chiqueiro, que ficam fuçando a lama através do resto que o estado tem a nos oferecer. Pobres da periferia, negros da periferia, não se submetam a esse discurso"
Para Sacramento, o rancor de Holiday ignora o contexto histórico e as pesquisas que comprovam a necessidade de cotas raciais nas universidades. Um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) diz: "no ensino superior, a desproporção entre a presença da população preta e parda e a população branca triplicou entre 1976 e 2006. Se em 1976 5% dos brancos com mais de 30 anos possuíam diploma superior, contra 0,7% dos negros, em 2006 os brancos que possuíam algum diploma de ensino superior somavam 18% da população, contra apenas 5% dos negros. A despeito de uma substantiva expansão da oferta de vagas no ensino superior nesse período, o hiato racial não se reduziu. Tal realidade começou a se modificar somente a partir da adoção das políticas de ação afirmativa, no começo dos anos 2000".
"Outro estudo, do IBGE, constatou que de 2001 a 2011 o percentual de negros no ensino superior passou de 10,2% para 35,8%, consequência, em parte, das ações afirmativas que começaram a ser implantadas a partir de 2003.  Apesar do aumento, o percentual ainda está abaixo dos 50,7% de negros na população do país, mostrando a urgência em consolidar as políticas de cotas", diz Sacramento, que completa: "É triste ver um adolescente negro chamar a luta por ações afirmativas de 'discurso da vagabundagem' e fazer o papel de capitão do mato. Só resta esperar que Holiday possa, uma hora, se livrar dessa miséria psicológica. A realidade (e ele obviamente sabe disso) é que ele sempre será preto".

Fonte: DCM

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