quarta-feira, 20 de julho de 2016

El Pais: Datafolha fez perguntas diferentes em pesquisas de abril e julho

 “O que seria melhor para o país?”, questionava um gráfico publicado pela Folha de S. Paulo de domingo referente à mais recente pesquisa Datafolha. Seguiam-se números: 50% Temer voltar, 32% Dilma voltar, 4% nenhum dos dois, 3% eleições e 11% Outros/Não sabe. Chamou especialmente atenção, como publicado sábado, a queda drástica de apoio à tese das novas eleições, que em diferentes pesquisas e com diferentes perguntas, inclusive do próprio instituto, rondavam, há três meses, acima de 50%. Ocorre que o Datafolha não perguntou diretamente sobre novas eleições, mas apenas, nesta pergunta, se preferiam que o presidente interino permaneça ou que a petista retorne ao Palácio do Planalto.
A pergunta estava incompleta e o gráfico, no entanto, não explicitava que eram essas as únicas alternativas estimuladas no questionamento e podem ter levado a uma leitura equivocada da informação, de acordo com especialistas consultados pela reportagem. Além disso, ao contrário de abril, o instituto não fez pergunta isolada a respeito da possibilidade de eleição em caso de renúncia dupla de Temer e Dilma.
No polarizado ambiente da crise política brasileira e com a ausência, até recentemente, de pesquisas de opinião sobre o cenário, o tema abriu controvérsia desde domingo, que cresceu na noite de terça-feira quando o jornalista Glenn Greenwald, do portal Intercept, acusou a Folha de “fraudar” a apresentação da pesquisa para favorecer o Governo interino – a semanas da votação do Senado que decidirá o veredito final do impeachment e o destino da presidência brasileira.
(…)
Há outras diferenças entre os questionários de abril, antes da votação do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados, e o aplicado em 14 e 15 de julho, com dois pontos de margem de erro para mais ou para menos. Na pesquisa de três meses atrás, o Datafolha perguntou ainda se a população era a favor do impeachment de Temer (58%) e fez algumas perguntas sobre o alcance da Operação Lava Jato – se a investigação atingiria políticos da então oposição, agora situação. As duas perguntas, além das novas eleições não voltaram a ser feitas.

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