Nas cidades brasileiras a população tem uma relação mágica com o lixo e com seus resíduos em geral. Basta colocar o lixo em um saquinho plástico e levar a té a calçada. De lá, como em um passe de mágica, ele desaparece e a maior parte das pessoas não tem nenhuma ideia de para onde vai. O mesmo acontece com o esgoto, a água que desce pelos ralos de que desaparece quando apertamos um botão de descarga. Para onde vai? Poucos se interessam em saber. Prefeitura da Capital e governo do estado de São Paulo decidiram acabar com as sacolas plásticas no comércio a partir de 25 de janeiro, o que certamente terá impactos positivos no meio ambiente. Afinal, muitas dessas sacolas acabam descartadas de forma irresponsável, entupindo redes pluviais nas cidades e provocando enchentes, ou sendo carregadas para rios e oceanos onde colocam e risco a via aquática. Golfinhos e tartarugas são grandes vítimas pois morrem após engolir essas sacolas.
Certamente não haverá ambientalista que se preze que seja a favor das sacolas plásticas. Porém esse pode se mais um tijolinho de boa intenção a pavimentar o caminho do inferno. As sacolas plásticas são apenas um elo na cadeia de produção, consumo e descarte. Certamente as pessoas podem dar um jeito para levar suas compras para casa sem sacolas plásticas. O problema não reside nesse elo. A questão é em relação ao descarte de resíduos. A eliminação das sacolas plásticas no comércio terá como impacto a falta de recipientes para descarte de lixo, principalmente orgânicos, nas casas de famílias de baixa renda. Elas terão de comprar sacos de lixo e, possivelmente, muitas delas não terão recursos para isso. O risco é temos lixo descartado de forma indevida em terrenos baldios, córregos e áreas públicas das cidades por pessoas irresponsáveis ou sem alternativas.
Para que uma medida de proibição total do usos de sacolas plásticas pelo comércio possa efetivamente funcionar e ser benéfica ao meio ambiente de forma abrangente é preciso repensar todo o sistema de coleta de lixo nas cidades. Mudar a relação cultural que o cidadão tem com seus resíduos, fazendo com que cada um se responsabilize de forma ativa com o descarte adequado dos resíduos. Na maior parte das cidades europeias cada um carrega seu lixo até contêineres colocados em pontos estratégicos e lá depositam de acordo com o tipo de lixo. Plásticos, papel, vidros, metais e orgânicos. Em alguns países, como a Alemanha, há dezenas contêineres diferentes, para materiais ainda mais específicos. Cada cidadão sai de casa com seu lixo e caminha até um ponto de coleta, onde cumpre seu papel na cadeia da coleta seletiva.
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