domingo, 10 de junho de 2012

A igreja onde os Gays são bem-vindos


Atrás de uma porta de vidro fosco, em um trecho mal iluminado e repleto de botequins na Avenida São João em São Paulo, uma pastora prega trechos do livro de Gênesis para seus ouvintes. É um culto que ocorre em salão fechado, com paredes brancas e diversas cadeiras de escritório enfileiradas em frente ao altar. Para amenizar o calor, o salão com cerca de 300 metros quadrados tem diversos equipamentos de ar condicionado e ventiladores espalhados.
Logo na entrada, um membro da igreja recebe os fiéis e os acomoda nos poucos lugares vagos. A integrante é uma moça com camisa preta, calça jeans e cabelo com gel. No altar, a pastora começa a pregação do dia com um forte sotaque pernambucano, cabelo preso com um rabo de cavalo e uma camisa social azul clara masculina. Diferentemente dos cultos de outras igrejas evangélica ou católicas, a celebração deste domingo era majoritariamente composta por casais homossexuais, embora o fiel e assessor de imprensa da igreja, Abdalla Daichoum, diga que o público é diverso.
O culto acontece na igreja inclusiva Comunidade Cidade de Refúgio, que lançou em meados de maio uma campanha nas redes sociais contra discriminação de casais homossexuais. A ação denominada “Criação de Deus” mostra três casais – um heterossexual, um homossexual masculino e outro casal gay feminino – com os dizeres: “Criação De Deus”. Posaram para a campanha o casal de pastoras homossexual, Lanna Holder e Rosania Rocha, líderes da igreja.
A ação coincide com as comemorações do primeiro aniversário da instituição, que acontece na terceira semana de junho, e terá como ápice a distribuição de folhetos e a conversão de homossexuais durante a Parada Gay de São Paulo.
O culto prossegue de forma descontraída e bem-humorada. Entre uma leitura bíblica e outra, a pastora pernambucana Lana brinca com os fiéis e puxa um grito de louvor parodiando o sucesso sertanejo Eu quero tchu, eu quero tcha. Na versão da igreja, a música virou: “Eu quero Jê, eu quero zus, eu quero Jê-jê-jê Jesus!”

Informações Carta Capital


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