A mulher do juiz do Lava Jato, soube-se ontem, tem ligações com o PSDB no Paraná.
Rosângela Moro é advogada, e presta serviços para o vice-governador Flávio Arns. São atividades meritórias, aliás: estão associadas a atividades em prol de pessoas com deficiência.
Mas há um vínculo, e isto é notícia. Não, é claro, para as grandes empresas de mídia, interessadas em fazer de Moro um novo Joaquim Barbosa.
Quanto a conexão pode configurar conflito de interesses? Os vazamentos seletivos que pouparam o PSDB poderiam ter sido influenciados por simpatias partidárias?
Num mundo menos imperfeito, questões como estas seriam debatidas agora profundidade pela mídia.
Mas não: como os vazamentos da Lava Jato, também a investigação jornalística é seletiva, bem como a indignação – não raro simulada — de colunistas e editores.
Flávio Arns pertence a um governo engraçado sob muitos aspectos. O governador Beto Richa, para empregar uma expressão da moda, cometeu um estelionato eleitoral quando se elegeu, em 2010.
Ele acusou na campanha o então governador Roberto Requião de nepotismo por dar cargos no secretariado à mulher e a um irmão.
Richa fez exatamente o mesmo que condenara. Quer dizer: em sua visão, não. Numa entrevista, um jornalista cobrou de Richa a nomeação da mulher e de um irmão.
A resposta de Richa, eternizada num vídeo, pertence ao anedotário político não apenas regional, mas nacional.
Richa disse que, uma vez que sua mulher é rica, indicá-la não é nepotismo. Nepotismo, na definição de Richa, é coisa para pobre.
Richa tem fama, como Aécio em Minas, de cercar a mídia crítica. Uma de suas vítimas, segundo ela mesma narra, foi a jornalista local Joice Hasselman, hoje na tevê do site da Veja.
No Paraná, Joice investia contra o PSDB e Richa com a mesma fúria com que bate hoje no PT e em Dilma.
Em seu epílogo no Paraná, ela prometeu apresentar documentos que comprovariam propinas na gestão Richa. Não apresentou, e isto foi bastante para que comentassem que ela parecia ter adquirido o hábito de ameaçar antecipadamente divulgar bombas e depois esquecer o assunto, sabe-se lá por quê.
É neste ambiente peculiar que a mulher de Moro circula, com sua assessoria jurídica ao vice de Richa.
Fonte DCM
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