De Paulo Moreira Leite, no 247:
A condução do jornalista Leonardo Attuch, editor do portal Brasil 247, a prestar depoimento à Polícia Federal não se pode ser explicada por razões jurídicas. Cidadão de comportamento cordial e pacífico, modos educados e postura moderadas, Attuch nunca se recusou a prestar esclarecimentos às autoridades sempre que foi solicitado. Reside em endereço conhecido e nunca deixou de cumprir deveres e obrigações de todo cidadão. Não havia necessidade de ser procurado em casa, às 6 da manhã. Poderia ser chamado, civilizadamente, a prestar depoimento.
Qualquer que possa vir a ser a explicação para essa medida, que chegou a ser anunciada, erradamente, como condução coercitiva, o efeito que se busca é político, coerente com medidas de exceção em curso em tempos recentes no país.
O que se quer é mandar uma mensagem ao jornalismo que não abriu mão do direito à crítica, do compromisso com a busca da verdade e com a necessidade de abrir espaço aos setores da sociedade que não têm direito a exercer o direito de opinião e a liberdade de informação. É um recado coerente com a decisão, anunciada há pouco, de suspender contratos inteiramente legais de publicidade com determinados portais — entre os quais o Brasil 247 — cuja linha editorial não agrada aos novos donos do cofre de Brasília.
É bom lembrar que, em qualquer tempo, nunca se deixou de reservar a carne e a gordura destas verbas aos clientes de sempre, deixando menos do que os ossos para aqueles que ousam dar a palavra às maiorias silenciadas por cinco séculos de uma história de pensamento único raras vezes interrompida.
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