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Em editorial publicado neste sábado (27), o jornal O Globo afirma que a prisão de Fabrício Queiroz teria “acalmado” tanto o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) quanto militares do governo.
Para o jornal, após a prisão do ex-assessor e ex-motorista do seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), “o presidente Bolsonaro tem cumprido um período de rara calmaria, sem agredir e ameaçar as instituições e o jornalismo profissional, um exercício que ele vinha praticando com regularidade”.
O texto diz ainda que o “enquadramento de Bolsonaro em padrões condizentes com o cargo, coincidência ou não, tem se propagado no governo. O general Augusto Heleno, por exemplo, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), prestou testemunho à Polícia Federal no inquérito sobre a saída do ministro Sergio Moro do governo e confirmou que o presidente não tinha qualquer dificuldade para fazer trocas em sua ‘segurança pessoal’, como disse na reunião ministerial de 22 de abril”. De acordo com Heleno, “Bolsonaro estava se referindo mesmo à sua intenção de interferir na PF para proteger a ‘família e amigos’. O editorial reitera que “Heleno ajudou a desmontar de vez aquela versão inverossímil”.
O jornal ainda vai mais longe e lembra que, mesmo após participar de diversas manifestações contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, “Bolsonaro, na presença do presidente do STF, Dias Toffoli, enalteceu o ‘entendimento’ entre ele, o ministro do Supremo e os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, como prenúncio de ‘dias melhores’ para o país. Tem razão, mas ele não agia assim”, lembra o texto.
Outra das razões apontadas pelo Globo para este arrefecimento no comportamento de Bolsonaro pode estar também na saída do “militante de extrema direita Abraham Weintraub do cargo de ministro da Educação”, substituído, “pelo professor Carlos Alberto Decotelli da Silva, um técnico, indicado pelos militares da cúpula do governo”.
O jornal aponta ainda como outro indício destes novos “bons tempos” a decisão de Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, de passar para a reserva. “Na democracia, um general não faz rima com um cargo que trata de negociações políticas, por mais competente que ele seja. Além disso, especulava-se que Ramos poderia substituir Edson Pujol no comando do Exército. Seria uma péssima sinalização, algo que lembraria o chavismo na Venezuela. Ramos não apenas irá para a reserva como, em carta, registrou, acertadamente, que sua permanência na ativa perdera o sentido e tornara-se prejudicial ao Exército”.
Ao final, um tanto otimista, o editorial do Globo afirma que talvez Bolsonaro tenha passado a entender, com a prisão de Queiroz, que “causar danos à estabilidade institucional também o afeta”.
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