O presidente da Assembleia
Legislativa, deputado Marcelo Nilo, mandou arquivar o requerimento para criação
de Comissão Parlamentar de Inquérito protocolado pelo deputado Uziel Bueno (PTN)
que investigaria supostas irregularidades no futebol baiano. A proposição tinha
o apoio apenas de 19 parlamentares, quando o mínimo exigido pela Constituição
Estadual e pelo Regimento Interno é de 21 assinaturas, o que equivale a um terço
da composição do plenário.
A apreciação dessa
solicitação movimentou o plenário desde o início da ordem do dia, pois 25
deputados haviam subscrito, inicialmente, o requerimento que foi submetido
preliminarmente ao crivo da Procuradoria Jurídica da Casa como de praxe. O
parecer exarado pelo procurador Graciliano Bonfim opinou pelo indeferimento por
não encontrar o "fato determinado" exigido pela Carta Estadual – como também
ocorre com a Constituição Federal e com o Regimento Interno. Em reuniões em
separado, o presidente Marcelo Nilo deu conhecimento prévio desse conteúdo aos
líderes da situação, Zé Neto e Rosemberg Pinto, e da oposição, Elmar Nascimento
(PR) e Leur Lomanto Jr. (PMDB).
De posse desse documento e
do ofício que recebeu do presidente da seccional da Ordem dos Advogados do
Brasil, Luiz Viana Queiróz, em favor da instalação da CPI, "desde que atendidos
requisitos constitucionais e regimentais", o presidente do Legislativo buscou
submeter a decisão de validar – ou não – o requerimento à Mesa Diretora, havendo
o recurso ao plenário caso algum parlamentar não concordasse com a opção do
colegiado. O deputado Marcelo Nilo queria ampliar e democratizar a decisão, dado
"o clamor público suscitado pela proposta de CPI".
O líder do bloco
oposicionista, deputado Elmar Nascimento (PR), não concordou com o roteiro,
pois, a seu ver, todos os requisitos exigidos (fato determinado, mínimo de 21
assinaturas e prazo de validade, que seria de 180 dias, prorrogáveis por igual
período) estavam cumpridos e ameaçou retirar seus liderados do plenário. Diante
do impasse, o presidente anunciou que optaria pelo deferimento do requerimento,
portanto, a CPI seria criada caso houvessem os apoios necessários – porém seis
assinaturas haviam sido retiradas através de outro requerimento, não cabendo
outra decisão que não o arquivamento.
Publicizada a retirada dos
apoios, o autor da proposição, deputado Uziel Bueno, foi à tribuna para
manifestar a sua inconformidade e a sua decepção com a retirada das assinaturas
e declinou o nome dos seis colegas. Foi criticado de forma dura pelos petistas
Rosemberg Pinto, líder da bancada, e Paulo Rangel. Para eles, o parlamento é o
local próprio para o debate das ideias contrárias, para a reflexão e para a
mudança de opinião, diante de fatos ou opiniões novas. E o parecer da
Procuradoria Jurídica foi enfático em considerar como inepto, por
inconstitucional, o requerimento da CPI que não conta qualquer fato concreto
capaz de embasar a investigação parlamentar.
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