quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Buracos no muro facilitou agressão em escola de Águas Claras

 
Pichação com as letras da facção CP estão nos muros da escola - Foto: Edilson Lima | Ag. A TARDE
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Atarde
Um vídeo que mostra uma sessão de agressões contra um estudante na Escola Municipal Francisco Leite, em Águas Claras, deixou os pais dos alunos preocupados. Um garoto de 13 anos é agredido a socos, pontapés, golpes de sandália e galho de árvore por outros três adolescentes.
O episódio ocorreu há 14 dias, mas só na semana passada foi descoberto com a divulgação da filmagem. Em uma página da comunidade intitulada 'Polícia Baiana', no site de relacionamento Facebook, o vídeo foi visto mais de 132 mil vezes até as 5h da tarde desta quarta-feira, 18.
O principal agressor não usa farda da escola. O grupo acusa a vítima de ter delatado alguém e por isso o castigo. O aluno agredido nega o tempo todo. Entre uma pancada e outra, os adolescentes se dizem membro da facção criminosa Comissão ou Comando da paz (CP) e dizem que o garoto vai ter que traficar para eles. No final do vídeo de quase sete minutos, a vítima é obrigada a dizer que é CP e ajoelhar para apanhar mais, além de ser ameaçada de morte. "Da próxima vez nós vai matar (sic.)", diz o agressor.
Segundo a avó da vítima, a comerciante Míriam Alcântara, 58, a família só ficou sabendo do ocorrido após a divulgação do vídeo. Ela, o pai e a mãe do garoto decidiram tirá-lo da escola e não comunicar o fato à polícia. "Ele não contou nada. Está muito assustado e diz não saber o nome das pessoas. Vamos nos dedicar na criação dele e deixar os outros pra lá", declara.
Miriam afirmou que o neto não tem envolvimento com o crime. "Ele é um bom menino. Algumas vezes, desobedece a gente sobre o horário de voltar para casa. Quer ficar na rua brincando, acordar tarde, mas não anda com pessoas erradas e nem se envolve com o crime", afirma.
A comerciante não teve coragem nem de assistir ao vídeo. A titular em exercício da Delegacia Para o Adolescente Infrator (DAI), Patrícia Atanázio Gandini, disse ter assistido ao vídeo. Por nota, a Secretaria Municipal de Educação afirma que prestou queixa na DAI e acionou o Conselho Tutelar e o MP.
Acesso facilitado
 
Dois portões controlam a entrada na escola, mas nos fundos um portão de acesso a um campo de futebol fica aberto. Além disso, buracos nos muros também deixam o ambiente vulnerável.
A tia da vítima, Tainá Alcântara, reclama do fato de ninguém ter visto as agressões. "Queria saber onde estava o vigilante, a diretora da escola. Ninguém viu nada?", questiona.
A equipe de reportagem tentou falar com a diretora, mas o vigilante informou que ela não estava. Por nota, a Secretaria explicou que o controle dos alunos é feito pelos porteiros e que, para reforçar a segurança, vai aumentar o muro.
 
Pais preocupados
 
A equipe de reportagem conversou com alguns pais e parentes de alunos na porta da escola e eles contaram que o vídeo trouxe muita preocupação. Segundo eles, a diretora disse que ia procurar os órgãos competentes para averiguar os fatos e tomar as medidas cabíveis. "Eu, como mãe, fiquei chocada. Se fosse com um filho meu, eu iria procurar todas as autoridades para ter uma solução", declara a autônoma Liliane de Jesus, 43, que tem um filho de 10 e outro de cinco na mesma escola.
Uma mulher foi buscar os sobrinhos e se disse preocupada com a situação. "Tem um monte de pré-adolescentes que se acham homem e ficam imitando os bandidos mais velhos. As crianças pequenas podem aprender essas coisas. A gente fica preocupada", disse, sob anonimato.
Também sem se identificar, um pedreiro se diz apreensivo. "Depois desse negócio, a gente fica apreensivo. Não sabe o que pode acontecer com os outros alunos. Assim como foi com esse menino, poderia ser meu filho", conta

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